quarta-feira, 28 de março de 2012

Obrigado, Animal mais amado do Brasil

Nesta quarta-feira, um dos maiores ídolos da história do Vasco vestirá pela última vez a camisa cruzmaltina. Edmundo, aos 40 anos, terá uma merecida festa de despedida, com amistoso contra o Barcelona do Equador, reeditando a histórica conquista da Libertadores de 1998. A partida acontecerá às 19h30, no habitat preferido do Animal, o estádio de São Januário.

Criado em Niterói, Edmundo chegou ao Vasco com 8 anos para jogar no futebol de salão. Saiu para o Botafogo aos 16, retornando três anos depois, tendo sido dispensado do Alvinegro por indisciplina. Em 1991, jogando preliminar pelos juniores vascaínos, marcou contra o Glorioso em pleno Maracanã, driblando vários jogadores antes de balançar a rede. Dali para os profissionais não tardou e na conquista do Estadual de 1992, o Animal já desfilava seu talento, chegando inclusive à Seleção Brasileira.

Negociado para o então milionário Palmeiras, passou ainda por Flamengo e Corinthians antes de retornar em 1996, quando começou a ser montado o time-base dos anos seguintes, os melhores de nossa história. Em 1997, foi com sobras o melhor jogador do mundo, conduzindo o Gigante da Colina ao tricampeonato brasileiro.

Com 29 gols, sendo seis em um único jogo, contra o União São João, marcou seu nome na história do futebol nacional, com recordes que apenas retrataram seu desempenho fantástico na temporada. Além disso, marcou gols contra o maior rival vascaíno, aumentando sua idolatria com a torcida. No auge, Edmundo era um jogador que conseguia reunir todas as qualidades de um atacante perfeito. Técnica, velocidade, precisão, posicionamento, tudo isso sem medo de zagueiros maiores e mais fortes.

Porém analisar a idolatria de Edmundo apenas pelo aspecto técnico seria igualá-lo a tantos outros bons jogadores que vestiram com qualidade nossa camisa. A empatia incomum entre ídolo e torcida se deve muito mais ao amor, muitas vezes inexplicável. O Animal sempre foi vascaíno, desde criança, freqüentando o estádio e sonhando em um dia atuar ali. Quando ele estava em campo, sabíamos que estava um torcedor como nós, o que às vezes até atrapalhava, por ser extremamente passional.

Pela sua origem humilde, tanto financeiramente quanto de estrutura familiar, o craque se identificou facilmente com a organizada mais popular do Clube, a Força Jovem. Ao passo que colecionava gols e títulos, Edmundo acumulava também polêmicas e expulsões.

Suas atitudes impulsivas o impediram de ter uma carreira de mais sucesso na Seleção Brasileira, onde disputou apenas uma Copa do Mundo, sendo aproveitado somente em dois jogos como suplente. Em 1994, merecia muito mais uma vaga no grupo do que Paulo Sérgio, Viola e Ronaldo, mas xingou o treinador do seu clube na época, o Palmeiras. Sem clima em 1998, foi preterido pelo decadente Bebeto no time titular, mesmo com o corte de Romário.

Uma mancha eterna na vida do ídolo foi o acidente de automóvel que vitimou três pessoas em 1995, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Por estar alcoolizado, Edmundo foi considerado culpado e chegou a passar alguns dias na cadeia até se ver livre do processo de uma vez por todas.

O caso é uma das maiores hipocrisias da história. Os mesmos que o chamam de assassino vivem andando por aí com seus carros após ingerir muito álcool, fugindo das "blitz". Têm uma arma nas mãos e a qualquer momento podem ser os matadores da vez.

Outra lembrança negativa do craque serão os pênaltis perdidos. Edmundo converteu muito mais do que desperdiçou, mas aqueles que não entraram marcaram mais. Títulos ficaram pelo caminho e a relação de amor entre jogador e torcida estremecia, logo voltando ao normal com mais um golaço ou uma grande atuação.

Após rodar o mundo, passando por Santos, Napoli, Cruzeiro, Verdy Tokyo, Urawa Reds, rapidamente Vasco, Fluminense, Nova Iguaçú, Figueirense e Palmeiras, voltou ao Vasco em 2008, na expectativa de fechar a carreira com chave de ouro. Apesar de muitos gols, não conseguiu evitar o rebaixamento ao fim da temporada.

Injustamente, sequer foi convidado a participar do elenco do ano seguinte, que trouxe o time de volta a Série A. A julgar pelo desempenho no ano anterior, poderia perfeitamente ter contribuído e encerrado sua história no Vasco de modo mais condizente com tudo que representou.

Nesta noite, nos braços da torcida, o Animal receberá todo o carinho que merece. Sem cobrança por resultados, por gols, apenas por amor. Canções, aplausos e reverência a um daqueles heróis que ajudaram a construir a grandeza de nossa camisa e de nosso pavilhão. E que, principalmente, representou com dedicação incondicional a vontade de vencer de cada torcedor vascaíno.

Obrigado Edmundo! Sem você, minha infância e minha juventude não teriam sido tão prazerosas!

Charge: Beto_Gomes


Sds vascaínas a todos!

Um comentário:

Airton Leitão disse...

Beto,

Meu filho Marcio teve o privilégio de assistir aquela preliminar do Vasco contra o Botafogo no Maracanâ. Não sei porque eu também não estava lá. Depois do jogo principal, o asunto entre torcedores do Vasco era sobre o 'nº 15' que havia feito um golaço na preliminar. Infelizmente, hoje Marcio não poderá ir a São Januário. MEu outro filho, Marcelo, vai com meu neto Phill e vai se contrar com mais dois netos, filhos do Marcio, Vinicius e Marcelle.

Já tenho ingresso também, mas por motivo de saúde talvez não possa ir. Ficarei plantado na sala vendo o jogo pela SporTV.

MaIs um grande ídolo que merece todas as homenagens, por ser um vascaíno de carteirinha.

VALEU, ANIMAL!!!