terça-feira, 12 de agosto de 2008

Será que o time é assim tão ruim ou há mais coisa por trás?

Nas últimas semanas, muitas pessoas, vascaínas ou não, tem vindo conversar comigo a respeito da atual situação do Vasco. A maioria delas bate na tecla que o elenco é fraquíssimo e que sem reforços, será difícil escapar do rebaixamento. O tema tem gerado debates acalorados e hoje trago aos amigos do Sou-Vascaíno, o assunto para discussão.
Evidentemente, o Vasco hoje não tem um super-time. Nem o mais otimista dos torcedores seria capaz de fazer tal afirmação. Porém, deixo a pergunta a todos: existe hoje no Brasil algum super time? Podemos afirmar hoje, que o time A ou B é muito superior ao time C? Sob o meu ponto de vista, não, e é isso que trago hoje para reflexão de todos, abordando diversos exemplos, que saltam a nossos olhos a todo momento.
Para usar apenas exemplos mais recentes, vou começar pelo ano de 2004, onde várias zebras apareceram em todo o mundo. Aqui mais perto de nós, tivemos o Once Caldas conquistando a Libertadores. Na trajetória rumo ao título, a equipe colombiana venceu o grande time do Santos, que tinha os famosos Meninos da Vila, eliminando em seguida os poderosos São Paulo e Boca Juniors. O grande destaque individual do time era o folclórico goleiro Henao, ou seja, não haviam destaques, apenas jogadores esforçados em busca de um ideal.
Na Europa, o mundo assistia o nascimento para o futebol do técnico José Mourinho, que conquistava a Champions League com o Porto. No caminho para o título, a equipe portuguesa derrubou os favoritos, tendo como destaque os brasileiros Derlei e Carlos Alberto, jogadores muito abaixo do nível técnico das grandes estrelas mundiais. Ainda em solo europeu, a fraca Grécia conquistava a Eurocopa, batendo França, Rep. Tcheca e Portugal, equipes claramente mais qualificadas tecnicamente.
Poderia usar outros exemplos, mas para não aumentar demasiadamente o texto, pulo direto para 2008, no atual Campeonato Brasileiro. Assim, volto à pergunta: existe hoje no Brasil algum super time? Podemos afirmar hoje, que o time A ou B é muito superior ao time C? O líder Grêmio, por exemplo, não era apontado antes do campeonato, como candidato ao título. Não houveram contratações em relação ao time que começou a competição, apenas a saída do talentoso meia Roger. E onde estaria o segredo do time? Jogadores medianos viraram craques? O bisonho Pereira virou o Beckenbauer? O renegado do Palmeiras Paulo Sérgio virou um grande lateral? Até o Reinaldo, tão odiado pela torcida do Botafogo anda fazendo gols. Como explicar a liderança?
No futebol, mais do que em qualquer outro esporte, o psicológico dos atletas constitui fator importantíssimo na obtenção dos resultados. Em um campeonato tão equilibrado como o Brasileiro deste ano, fatores como a boa relação entre treinador, grupo e diretoria e a motivação se tornam ainda mais indispensáveis. Junte um time razoável, com uma boa organização tática e com o ’grupo fechado’ e as possibilidades de sucesso serão enormes.
A essa altura da leitura, vocês podem estar me chamando de louco ou achando que estou a cometer delírios. Porém, peço a reflexão sobre a tal qualidade dos jogadores. Analisem os times de Viria e Coritiba. Quantos jogadores desses times vocês gostariam de ver no Vasco? Um, dois, três no máximo. E será que eles também não gostariam de contar com um Leandro Amaral, um Edmundo, um Madson ou um Wagner Diniz em seus elencos? Então como se explica que eles estejam na parte de cima da tabela e nós na zona de rebaixamento? Será mesmo que falar em fatores psicológicos seria um delírio de minha parte?
Chegamos esse ano a semifinal da Copa do Brasil, sendo eliminados pelo campeão Sport na decisão por pênaltis. Ainda que com uma campanha fraca no Estadual, era difícil de imaginar o Vasco brigando contra o rebaixamento no Brasileiro. Alguns mais otimistas inclusive, sonhavam com Libertadores. Eis que começa o Brasileirão e com 8 rodadas, ainda sob a administração Eurico Miranda, o Vasco coleciona 11 pontos, que o colocam na 9ª posição, tendo inclusive vencido o líder Grêmio. A tal pior defesa do Brasil só havia sofrido 10 gols, média de 1,25 p/ jogo. Nenhuma goleada ou vexame, ainda que o time tenha enfrentado os três primeiros colocados da competição, Grêmio, Cruzeiro e Palmeiras.
Na virada de junho pra julho, o sonho de grande parte da torcida se realiza. Eurico Miranda é retirado do Clube e o ídolo Roberto Dinamite assume a presidência. Promessas não faltaram, como a de grandes patrocínios, craques engatilhados e etc. Na estréia uma derrota para o Figueirense e em seguida uma bela goleada sobre o Sport. Resultados absolutamente normais e a essa altura o time ocupava a 7ª posição, a apenas quatro pontos da zona de classificação para a Libertadores. Rebaixamento? Impossível pensar nisso. Ah! Vale lembrar que a essa altura, os jogadores eram os mesmos que hoje ocupam a humilhante 17ª posição.
Após a derrota para o rival Flamengo, as coisas começaram a mudar. Começaram as declarações da diretoria falando que o time tinha urgência de contratações e que o time não era aquele que eles desejavam. Pra usar uma linguagem popular, eles estavam ‘tirando o deles da reta’. Até de medíocre o presidente Roberto Dinamite chamou o elenco. Assim existe moral que resista? Pra complicar, começaram os problemas com lesões e suspensões, logo em um momento do campeonato com dois jogos por semana. Se a diretoria, que deveria ser racional, diz que o time não presta, imagine então a torcida, que é movida a paixão. Após uma seqüência de resultados ruins, protestos ocorreram na porta do Clube e até na concentração. Já pressionados pela direção e agora pela torcida, alguns jogadores como Morais pediram pra sair. Mesmo após a goleada por 6x1 sobre o Atlético-MG, o atacante Edmundo disparou contra os companheiros de equipe. Espírito de grupo? União? Nesse momento, tudo isso passava longe de São Januário.
Na última semana, três derrotas seguidas. Onze gols sofridos e nenhum feito. Seria tudo isso somente culpa da tal falta de qualidade do elenco? Está mais do que claro que não. Do jeito que as coisas andam no Vasco, não adianta contratar o melhor dos zagueiros ou dos goleiros. O problema é muito maior e de difícil solução. Precisamos recuperar o ânimo e a motivação da equipe. Hoje entramos em campo, já com a certeza da derrota e pouco importa se do outro lado está o líder ou o lanterna do campeonato. Declarações como a que o técnico Tita deu ontem, dizendo que o time não está a altura das tradições do Vasco, em nada contribuem para o crescimento do grupo.
O momento é de união e paciência. A diretoria tem que parar com essas declarações infantis e se conscientizar que a mudança tem que partir de cima. Com o apoio e incentivo da direção, a torcida se contagiará e os jogadores poderão ter a gana e a vontade de vencer que tem faltado ultimamente. Temos 19 rodadas pra salvarmos o Vasco do maior vexame da história. Apenas quatro times disputaram todos os Brasileiros e temos a honra de sermos um deles. Não podemos manchar nossa história com um rebaixamento em um campeonato onde poderíamos perfeitamente brigar por posições melhores.
A história recente nos mostra que os grandes clubes que foram rebaixados, o foram por problemas mais fora de campo que dentro dele. A equipe do Palmeiras rebaixada em 2002 tinha jogadores do quilate de Marcos, Arce, Dodô, etc, mas tinha Mustafá Contursi como presidente.
Força diretoria! Força torcida! Força Tita! Força elenco! Vamos honrar as tradições do C.R. Vasco da Gama e salvarmos o time desse vexame, e que no ano que vem voltem as conquistas que tanto nos acostumamos.
*** O texto é um breve resumo dos pensamentos que tem me ocupado a mente ultimamente. Estou aberto para o debate e por ser o tema extremamente extenso, sei que não dará pra tratá-lo em apenas um post. Por e-mail ou por comentários, podemos debatê-lo o quanto for necessário, afinal isso o que torna o futebol apaixonante, essa infinidade de opiniões diferentes, que permitem uma discussão permanente.
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*** Quanto a reforços, o técnico Tita descartou a contratação do zagueiro argentino Avendaño, sob o argumento de não conhecer o jogador. Sendo assim, é provavél a contratação de Odvan ou de Léo Fortunato, do Cruzeiro. Será que o argentino consegue ser pior que o Eduardo ou o Anderson?
*** Hoje ganhou força o nome de Fernando, ex-zagueiro do flamengo. O jogador, que não é grandes coisas, declarou em recente entrevista seu amor pelo clube da Gávea. Depois de Beto e Fábio Baiano, mais um flamenguista no Vasco? Essa não, diretoria!
*** Ah, hoje tem o jogo contra o Palmeiras, na estréia da Sul-Americana. Convido todos a lerem sobre a partida no blog Futebol Carioca 2008, onde fui convidado a escrever recentemente. Prestigiem esse blogueiro nessa nova missão.
*** Mostrando mais uma vez sua incrível competência para bons negócios, a diretoria emprestou Morais ao Corinthians por um ano por míseros R$ 600 mil. Que o jogador não tinha mais clima no Clube, todos já sabiam, mas por essa merreca, achei que tinha sido uma brincadeira quando vi a notícia.
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Respondendo aos comentários:
Saopaulina - Que Tita seja realmente muito bom e que ajude o Vasco a fugir da degola. Bjs!
MalditaFC - Fé e o meu apoio, o Vasco tem e sempre terá. Parabéns pelo programa e pelo Blog. Abração!
Carlão - Esperamos que nossa grandeza nos tire dessa e que Tita faça um bom trabalho, apesar do mau início. Abraços e sds!
Vinicius - Sobre o comentário, o post inteiro é uma resposta. Abraço e parabéns pelo novo quadro.
Filippe - Esperamos que ele contrate e não fique criticando o time por aí. Abraços e sds!
Munigalo - Tá feia a coisa pra Vasco a Galo, apesar de vcs terem dado uma melhorada. Abraço!
Fernando - Daqui há pouco vai ter gente mesmo com saudade do Eurico. A direção precisa agir mesmo e pra já. Que o 2º turno nos reserve coisa boa. Abraço!
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Sds vascaínas a todos!

6 comentários:

Jorge Costa disse...

Caro Diego
Bela crônica sobre um passeio ao mundo do Futebol, os seus clubes as suas conquistas e principalmente o jogadores. No caso do Vasco tem que haver uma razão para o desempenho pífio deste clube de tantas tradições.
Não sei quais as causas de tão bisonha perfomance mas eu acho que é questão interna.Talvez entre o própio grupo ou dirigentes.
Só sei de uma coisa: Esse não é o nosso VASCO DA GAMA.
Reação já!

Abraços

Jogo Aberto disse...

não diego.
o ruim do vasco é a zaga,
a zaga é pessima.
tem q contratar novos zagueiros isso sim

Bruno Muniz disse...

Diego,
Realmente não existe nenhum time que seja superior aos demais. Tudo está no psicológico dos jogadores. Por exemplo, colocam na cabeça que não tem condições de vencer o adversário e usam aquele discurso " vamos buscar pelo menos 1 pontinho fora de csa". Muitas vezes, ao tomar um gol já se entregam e não tem forças para reagir, assim acabam levando uma goleada. É preciso de um jogador experiente, o capitão do time, ou o treinador, passar confiança aos jogadores. Colocar na cabeça deles que são capazes. Muitos entram já pensando que vão perder.
O Vasco vai melhorar no campeonato, o ataque é bom, falta melhorar a defesa. O Léo Fortunato não seria uma boa no Vasco não, nem na reserva do Cruzeiro ele ta ficando e ta muito mal fisicamente. E lembre-se uma boa defesa é composta não só por zagueiros, mas também bons laterais e volantes.
Abraço

Zêro Blue disse...

Pois eu acho que existe sim muitos times que são superiores aos outros, CLARO QUE EXITE.

Mas também é verdade que um time superior pode ser derrotado por um outro que lhe seja inferior se os jogadores do time inferior estiverem mais determinados, focados ou concentrados. Claro que isso é perfeitamente possível. Claro também que um time motivado às vezes joga muito mais que um time superior mas sem motivação.

Não existe nada definitivo, tudo é questão de momento.

Talvez existam sim mais coisas por trás do mau desempenho Cruz-Maltino.

Abraços Diego


Saudações Celestes
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ENTREM E SINTAM-SE A VONTADE

Gerson Sicca disse...

é verdade, o psicológico influi muito sim. e tb uma boa organização tática. O grêmio conseguiu organizar taticamente jogadores medianos e explorar o q eles tinham de melhor: a força física. Isso é fundamental no futebol brasileiro de hoje.
Abraço

Vinicius Grissi disse...

Importante colocar o seguinte:
1 - Roberto Dinamite não pode ser culpado e muito menos queimado pelo que está acontecendo.

2 - O time do Vasco é fraco. Muito fraco. Está anos luz atrás de Vitória, Coritiba e Grêmio, que tem times competitivos. O do Vasco não é. Tem bons atacantes, e só. A defesa é muito fraca e o meio-campo também.

3 - Pesa, com certeza, a moral. A diretoria e técnico não devem enganar o torcedor, dizendo que o time é bom, mas precisam ter o mínimo de respeito com que está ali trabalhando.

Por fim: 4 - Fernando vem aí. Péssimo. Para comemorar, ao meu ver, apenas a saída do Beto. E o Morais, foi um mal negócio. Valia mais. Mas sem entrar em campo, era um jogador desvalorizado e caro para o clube. Tinha que ser negociado logo.

Uma pena a atual situação do Vasco. Mas é possível sim, escapar do rebaixamento.