quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Torcidas ou quadrilhas?

Adoraria estar aqui escrevendo sobre a ótima parceria firmada entre o Vasco e a Brahma. Ou ainda sobre o ótimo coletivo realizado hoje cedo em São Januário, com os titulares vencendo por 6x0. Porém não poderia deixar de escrever sobre a triste cena que presenciei e quase fui vítima na saída do último clássico, domingo no Maracanã.
Apesar da maioria de vascaínos no estádio, a plataforma de trem da estação Maracanã estava repleta de rubro-negros. Não cheguei a ver 10 vascaínos com camisa, dos quais eu era um. Ao embarcar na composição encosto na porta e sentados ao lado estavam dois integrantes da torcida Raça Rubro Negra. Eles me avisam que em um vagão de trás, membros da Torcida Jovem do Flamengo, haviam agredido um vascaíno.
Não levo muita fé, mas na estação seguinte, vejo lá na última porta, um grupo da tal torcida, a quem reconheci pelo boné. Por eu ser mais alto que a média das pessoas, vi isso por cima da multidão e rapidamente tirei a camisa do Vasco e coloquei uma neutra. O grupo cantava gritos agressivos e chegou enfim aonde eu estava, onde mais pra frente, havia um senhor (em torno de 40 anos) com camisa do Vasco e uma família de três pessoas, sendo um idoso e uma menina de uns 15 anos.
Eles pedem que todos retirem as camisas, no que o senhor sozinho não atende e é agredido. O grupo tem vários jovens de menos de 20 anos e um galalau de uns 30, absurdamente gordo e forte. Esse era o agressor. O pior veio em seguida. O grupo pediu as camisas da família, incluindo o idoso e a adolescente, que por sorte estava com um top por baixo. Foram cenas de horror e por fim, os marginais vestem as camisas do Vasco, o que mostra que eles não são flamenguistas, são BANDIDOS.
Ao saber da suposta presença de policias à paisana no vagão da frente, eles temem e ficam no mesmo, expondo ainda mais ao ridículo os agredidos. O primeiro homem agredido passa para o tal vagão, mas ao chegar no Méier desembarco e não fico para ver o fim da história.
O relato acima não é uma crítica exclusiva à maldita TJF, mas sim a todas as organizadas que praticam atos desse tipo e elas estão em todos os Clubes, cada torcedor sabe bem por qual nome elas atendem.
Elas são um mal do futebol. Um câncer. E cada um de nós é parte desse câncer que destrói o futebol brasileiro há décadas e parece impossível de ser curado, mesmo com Estatuto do Torcedor e novas leis, que não vão direto na ferida, enraizada culturalmente em nosso povo. Será que veremos argentinos agredidos na Copa de 2014?
Tudo começa ao vermos o esporte como uma guerra. Não vemos o outro como adversário, mas como inimigo. Após a eliminação do Brasil na Copa do Mundo, sai com uma camisa laranja, que não era da Holanda, e fui xingado na rua. E se fosse da Holanda, qual problema teria?
O engraçado é que essa relação odiosa se restringe aos jogos e às atitudes em bando. Ou algum de vocês já viu alguém apanhando na rua só por estar com uma camisa de time e seleção? Ou um agressor sozinho? Não, sempre as quadrilhas. E certamente esses que hoje agridem, não odeiam os rivais. Aposto qualquer dinheiro que tem amigos ou parentes que não torcem para o mesmo time que eles e nem por isso saem batendo por aí.
Em minha opinião, essas atitudes vêm de pessoas doentes que tem necessidade de se impor nos seus bandos. De contar seus ‘feitos’ para os outros, tão idiotas quanto eles. Mais ou menos como nas quadrilhas de tráfico que dominam áreas carentes.
E pra mim, esse tipo de gente que se traveste de torcedor é pior que traficante ou assaltante. Quem trafica ou rouba, o faz com um objetivo. Esses animais tem o objetivo de quê?
E todos nós temos culpa nesse lixo. Vejamos: Os clubes dão ingresso a esses marginais. Financiam crimes, muitas vezes contra seu próprio torcedor. Nós, normais, trabalhamos, enfrentamos filas e compramos ingressos. Os bandidos são presenteados pelas diretorias. Estranho, não?
Se tivessem que comprar ingresso, essas pragas provavelmente não iriam aos jogos, limpando nossos estádios de gente que não contribui com o espetáculo.
Mas nós também somos culpados. Como? Simples:
Fazemos sinais com as mãos em apologia a essas torcidas. Nos estádios cantamos essas músicas idiotas de mata um, rouba mil, bate em cem, etc. Sendo que na verdade quem faz essas atrocidades são uma minoria que repudiamos, mas de forma até automática cantamos. Ou de fato gostaríamos de ver aquele nosso amigo flamenguista apanhando ou morrendo por estar com a camisa.
Também ao compramos material dessas TO’s, ajudamos não apenas financeiramente, mas ao divulgarmos sua marca e defendermos sua existência, quando na verdade existem em todos os Clubes, torcidas que não precisam se fazer de bandidos para ajudar o time em campo.
Precisamos repudiar, combater, lutar contra esses bandidos que dividem o estádio conosco e nossas famílias. Por trás daquelas bandeiras e faixas, tem muita coisa errada e não podemos apoiá-los.
Há sim, gente de bem nessas instituições, mas elas hoje existem basicamente para brigar e não para torcer. E desafio qualquer um a me provar o contrário.
Domingo estarei na Colina Histórica e espero não estar aqui na segunda contando que vi um flamenguista apanhando no ônibus.
Peço a opinião de todos que lerem o texto para estabelecermos um debate sobre o importante tema.
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Sds vascaínas a todos!

3 comentários:

Claudio Henrique disse...

Infelizmente isso acontece já não é de hoje. Esses caras não são torcedores e sim bandidos. Uma pena, parece que esse cancer nãovai curar tão cedo. Uma pena mesmo. Esperamos que providências sejam tomadas logo. Infelizmente no Brasil as coisas não se resolvem rápido. É torcer para que pelo mnenos amenize esse negócio. Quem sabe um dia tudo se resolva, afinal sonhar não custa nada.

Abraços!

Claudio Henrique disse...

Pior que já se falou muito em proibir a entrada de organizadas,mas não funciona. No Brasil nada dessas idéias funciona. Talvez se o Brasil tomar providências como as que foram tomadas na Inglaterra (que tinha uma situação muito pior que a nossa) e lavar mesmo a sério como fizeram lá, a gente possa aos poucos acabar de vez com isso.

Abrtaços!

FilipeJMS disse...

É triste termos que passar por isso! Ano passado na semifinal da Copa do Brasil (VASCO X Corinthians) fui de trem e me arrependi. Eu moro em Santa Cruz, e desde Campo Grande até o Maraca eu tinha que me abaixar em todas as estaçÕes pq tinha pessoal da raça tacando pedra. E olha q eu nem faço parte de organizada nenhuma do VASCO!
Por isso que cada vez mais eu deixo de ir aos estádios, fico triste por não ver meu time ao vivo, mas dou mais valor a minha vida!
Um abraço e SV!