quarta-feira, 21 de novembro de 2007

O Vasco e o racismo.

20/11/2007 <-> DIA DA CONSCIÊNCIA (DA IMPORTÂNCIA DA RAÇA) NEGRA:
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Hoje, dia 20/11/2007, uma 3ª Feira, comemora-se esse dia especialíssimo, e merecidamente é Feriado, aqui no Rio de Janeiro, em São Paulo e em mais alguns outros Estados/Cidades, e nunca é bom esquecer e sempre é bom lembrar, que o C. R. Vasco da Gama, foi o primeiro Clube e uma das primeiras bandeiras em meio à Sociedade da época, a se levantar contra o RACISMO e a DISCRIMINAÇÃO, que ainda existe hoje em dia, infelizmente, mas que no início do Século passado, nas primeiras décadas, ainda tinha um grande ranço que era trazido da absurda escravidão dos negros, e aqueles que compõem ou são admiradores como eu, de toda a beleza e competência da Raça Negra, não podem deixar de reconhecer no Vasco, um dos líderes e baluartes de tais lutas, e podem até não nos escolherem como Clube de coração, mas tem a OBRIGAÇÃO de respeitar-nos e fazer citação ao C. R. Vasco da Gama, toda vez que a defesa e a causa da Raça Negra for tratada.
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Comecemos com um fato relevantíssimo:
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1904 - UM DESAFIO AO RACISMO
Os vascaínos elegeram o primeiro presidente não-branco da história dos clubes esportivos em atividade no Rio. Numa época em que o racismo dominava o esporte, Cândido José de Araújo, um mulato que não dispensava a elegância de um cravo branco na lapela, fez uma gestão exemplar, apresentando o Vasco como um clube aberto e sem preconceitos.
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Eis um texto/documento histórico que comprova isso, é de emocionar, aliás, é de ARREPIAR:
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1924 - UMA RESISTÊNCIA À DISCRIMINAÇÃO RACIAL E SOCIAL
Enquanto na política o líder era o presidente Arthur Bernardes, no futebol a equipe vascaína vencia quase todas as partidas que disputava e também as competições. Depois de atropelar os adversários no ano anterior, em 1924 o Vasco já era o inimigo número 1 das demais torcidas cariocas. Um rival a ser batido, de qualquer maneira.
E já que era difícil batê-lo em campo, os dirigentes dos clubes rivais resolveram investigar as posições profissionais e sociais dos camisas pretas, pois o futebol ainda era amador e jogador não podia receber pela prática do esporte. Um verdadeiro golpe para tirar o Vasco das disputas.
Entretanto, os vascaínos driblaram com categoria as leis da Liga Metropolitana ao registrarem seus craques como empregados de estabelecimentos comerciais dos portugueses.
Não satisfeitos, os membros da sindicância da entidade resolveram fiscalizar a veracidade das informações. O tricolor Reis Carneiro, o rubro Armando de Paula Freitas e o rubro-negro Diocésano Ferreira se cansaram de bater às portas das firmas lusitanas e ouvir que os jogadores, ou melhor, funcionários, estavam realizando serviços externos.
A fiscalização das profissões dos jogadores era, na realidade, ilegítima. Por baixo dos panos, muitos atletas dos grandes clubes cariocas já recebiam para jogar. O que de fato incomodava os adversários era a origem daqueles jogadores: um time formado por negros, mulatos e operários, arrebanhados nas áreas pobres da cidade do Rio de Janeiro. E, ainda por cima, com o troféu nas mãos.
Depois de esgotadas todas as possibilidades de retirar o Vasco da disputa, pelo regulamento da Liga Metropolitana, os adversários apelaram para a criação de uma nova entidade, a Associação Metropolitana de Esportes Atléticos (AMEA). Aceitaram a inscrição de todos os grandes e, é claro, recusaram a dos vascaínos. Com um argumento nada convincente. Segundo os dirigentes adversários, o time cruzmaltino era formado por atletas de profissão duvidosa e o clube não contava com um estádio em boas condições.
Realmente, o campo da Rua Morais e Silva não tinha a estrutura que o Vasco merecia, mas não era esse o problema. Isso ficou claro na proposta feita pela AMEA, excluir 12 de seus jogadores da competição, justamente os negros e operários. O Vasco recusou a proposta por uma carta histórica de José Augusto Prestes, então presidente cruzmaltino, ao presidente da AMEA, Arnaldo Guinle:
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"Estamos certos de que Vossa Excelência será o primeiro a reconhecer que seria um ato pouco digno de nossa parte sacrificar, ao desejo de filiar-se à Amea, alguns dos que lutaram para que tivéssemos, entre outras vitórias, a do Campeonato de Futebol da Cidade do Rio de Janeiro de 1923", argumentou Prestes. Ele prosseguiu defendendo seus atletas. "São 12 jogadores jovens, quase todos brasileiros, no começo de suas carreiras. Um ato público que os maculasse nunca será praticado com a solidariedade dos que dirigem a casa que os acolheu, nem sob o pavilhão que eles com tanta galhardia cobriram de glórias". E finalizou, decidindo não entrar na nova entidade: "Nestes termos, sentimos ter de comunicar a Vossa Excelência que desistimos de fazer parte da Amea".
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Este é sem dúvida o mais belo documento em defesa da democracia no futebol. Como negro, não poderia deixar de expressar meu orgulho em torcer para o clube que quebrou esta barreira no futebol brasileiro. Tente lembrar dos maiores craques da nossa história. Pelo menos 90% eram negros ou mulatos, inclusive o maior de todos, o Rei Pelé, que por sinal era vascaíno em sua infância.
Muitos escolhem seus times por influência de pais, tios, amigos ou simplesmente por ser o time da moda. Nada disso me fez ser Vasco. Costumo dizer que antes mesmo de nascer já era vascaíno, mas ainda que não o fosse, com certeza teria escolhido torcer para o único clube cuja história pode ser confundida com a história social do Brasil.
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Sds vascaínas a todos!

8 comentários:

Vinicius Grissi disse...

O pior de tudo é que o racismo, em pleno século XXI, ainda existe no futebol!

Anônimo disse...

é bonita essa passagem na história do vasco: a de ser o primeiro clube a ter um negro no time.
saudações botafoguenses

Filipe Araújo disse...

primeiro carioca a aceitar negros no time. Além de começar na "segunda divisão" e tornar-se um dos maiores do país!!

abrazo!!

http://gambetas.blogspot.com

Unknown disse...

É REALMENTE DE ARREPIAR... NOSSA, PARABÉNS AO VASCO, ESSE CLUBE QUE HÁ MAIS DE UM SÉCULO LUTA EM RAZÃO DAS CAUSAS SOCIAIS COMO A LUTA CONTRA O RACISMO!!! ME ENCHO DE ORGULHO DE SER VASCAÍNA! E DIEGO, VOCÊ ESTÁ CERTO, PORQUE ATÉ OS URUBUS TÊM QUE TIRAR O CHAPÉU PARA O GIGANTE DA COLINA!
SAUDAÇÕES CRUZMALTINAS!

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Diego, desde já agradeço ao amigo a visita ao blog, vou coloca-lo nos meus favoritos. Em relação ao Vasco, te digo com certeza que é um dos únicos que a hinchada gremista tem respeito e admiração, no futebol brasileiro, mesmo após a saída do Renato Portaluppi.Quanto ao post, PARABÉNS AO VASCO, por ser o primeiro clube a ter um jogador negro em seu elenco. Abraço

Zêro Blue disse...

Racismo não é coisa de gente racional.
Parabéns pelo texto.

Sds. Celestes

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Edmilson Lopes disse...

Mas é verdade é outra.O Clube do Vasco somente aceitou negros naquela época pq eram bons jogadores e recebiam muito menos. Simplesmente mão de obra barata...
Melhor se informar de forma mais crítica a respeito da história, pois o Bangu foi o primeiro clube a a ter negros em seu elenco ...